"A falta de mão de obra qualificada é apontada como um dos principais obstáculos para a maior expansão das organizações e para o crescimento do país. Em pesquisa realizada pela PriceWaterhouseCoopers (PwC), antes mesmo da crise financeira internacional, em 2008, CEOs de vários países apontavam a disponibilidade de competências-chave como a principal ameaça ao crescimento dos negócios. Em 2011, a preocupação com o capital humano permanece entre os quatro principais impasses. “O impacto da falta de talentos pode ser vista no dia-a-dia das empresas: faltam pessoas para execução de projetos e obras e os novos funcionários não apresentam a mesma qualificação dos profissionais anteriores. As limitações decorrentes afetam três esferas: a expansão dos negócios, o atraso de projetos e rendimentos e a perda de qualidade em alguns processos”, alerta o sócio diretor da (PwC) e líder de Gestão de Capital Humano, João Lins. Ele participou juntamente com o diretor de Desenvolvimento Organizacional do Grupo O Boticário, Rogério Bulhões, do CHRO Fórum promovido pela Amcham-Curitiba, nesta quarta-feira (7).
De acordo com o diretor da PwC, apesar do déficit de mão de obra especializada ser generalizado, as áreas mais críticas seriam as de conhecimento técnico e de alta gestão. Na pesquisa apresentada, 71% das empresas consideraram difícil ou muito difícil encontrar profissionais técnicos especializados e 74% apontam o mesmo obstáculo na busca por executivos. “Não há sinalização de que a falta de talentos irá diminuir ao longo da década”, complementou Lins. Segundo os dois palestrantes, diante desse cenário, as práticas de gestão de pessoas e retenção de talentos torna-se cada vez mais relevante. Bulhões, que apresentou o case do Grupo, afirmou que o crescimento da organização acelerou a demanda por essa preocupação.
Para Bulhões, a retenção de talentos é apenas uma prática dentro de uma outra maior, a gestão de talentos. “É a retenção dos profissionais especializados que sustentará o crescimento da empresa”, explica. A manutenção da mão de obra dentro das organizações exige, segundo os palestrantes, uma série de investimentos. De acordo com Bulhões, os processos de identificação e de retenção de talentos devem agregar planos de desenvolvimento de grupo e também das carreiras individuais.
Capacitação educacional, incentivo ao estudo de outros idiomas, experiências internacionais, participação em projetos e planos de coaching e mentoring foram algumas das tendências apontadas para a gestão de capital humano diante do contexto atual. Bulhões também indicou a necessidade de projetos específicos para desenvolvimento da geração Y, das mulheres e dos profissionais mais experientes dentro das empresas.
Os dois palestrantes também apontaram para a possibilidade da iniciativa privada participar do processo de formação profissional dentro do país. Na avaliação de Lins, uma saída viável é a parceria entre as próprias organizações para um maior investimento em pesquisa e desenvolvimento, principalmente nas áreas com maior defasagem, como a tecnológica. Já Bulhões alertou para o papel social que as empresas deveriam cumprir dentro das comunidades onde estão inseridas. Para ele, cabe também às companhias o papel de cobrir o gap informacional dos funcionários. “Claro que sem a contrapartida do poder público não é possível anular por completo esse problema, mas se todas as empresas investissem em capacitação já ajudaria e muito”, assegurou Bulhões.
Para o diretor do Grupo Boticário, os maiores impasses à adoção das práticas de gestão de talentos dentro das organizações seriam o receio da mudança e a dificuldade de encontrar patrocínio mesmo internamente. Bulhões concluiu o evento alertando que os gestores devem enxergar os benefícios resultantes desses processos de gestão, encarando os custos com o treinamento e desenvolvimento de seus funcionários como um investimento para o próprio crescimento de seus negócios."
Posted by Mirian Gasparin on Dezembro 7th, 2011 filed in Trabalho