“A criança que toca um instrumento jamais empunhará uma arma". O lema é dito pelo músico e professor Mário Luiz Barbosa dos Santos, um dos pioneiros em utilizar a música como instrumento de socialização e recuperação de jovens em situação de risco, em Belém. Seu trabalho como instrutor musical no Instituto Amazônia Cultura (IAC) já salvou almas e melhorou a qualidade de vida de muita gente. "Certo dia fui abordado por um rapaz que veio me cumprimentar e agradecer pelas aulas de teclado que o ajudaram a comprar uma casa para a mãe e outra para ele, graças ao contrato assinado com uma grande banda de Belém. O mais embaraçoso é que na hora não lembrei o nome dele. E mais embaraçoso ainda é que até hoje não lembrei (sorri). Mas que ajudei o rapaz isso ninguém pode negar", conta o músico de 43 anos, com o sorriso tímido. O sustento material vem da profissão oficial: carteiro. Já o sustento imaterial, no caso de Mário, com uma dose cavalar de alento espiritual, vem dessa paixão chamada música, pela qual descobriu aptidão tão cedo. "Nunca pensei que me tornaria um educador por meio da música e que essa iniciativa ajudaria a evitar que tantas crianças seguissem por um caminho destrutivo, como o das drogas ou marginalidade". No caso do IAC, música ganha um sentido superior. Para muitos alunos, é a forma encontrada para manifestar medos, anseios, desejos, curar traumas ou ajudar numa integração social digna de qualquer cidadão. "Atualmente tenho um aluno que possui necessidades especiais. No início era muito difícil ensinar alguma coisa pelo grau de timidez com que ele chegou à turma. Com muita paciência, vencemos parte de seus medos e hoje ele já dá até entrevistas. Conta que quer ser músico profissional e sonha em fazer parte do grupo de música do IAC".