Farofeiro,
É pouco o teu dinheiro,
Vais para Mosqueiro,
Curtir a bela ilha,
Com a tua família.
Levas feijão, farofa, cerveja e banana,
Pegas o ônibus lotado,
Lá dentro aquele cheiro
Do povo todo suado.
Mas tu vais animado,
Com toda aquela barulheira
E muita algazarra.
Vais na brincadeira,
Fazendo a maior farra!
Quando chegas na praia,
Tu te jogas na areia,
Pegas aquela frieira,
Depois vais para a água
Não tens medo de arraia.
Quase te enroscas
Nas linhas dos papagaios,
Por pouco não te acertam
Com aquela bola.
O sol te queima,
Ficas todo vermelho,
E depois de quatro cervejas
Muito geladas,
O que mais tu desejas
É aquela gata
Que pra tua infelicidade
Já é casada.
Se pensas que isso é nada,
Dá uma olhada,
Já viste o tamanho
Do troglodita?
É! Acredita!
Sai fora!
Ou ele te mata,
E ainda te come com farofa.
Serás que trabalhaste tanto
Para no teu lazer
Virar churrasquinho,
Na grelha a arder
Daquele metido a bacana?
Não é melhor ficar sozinho?
Vai comer teu feijão,
Enquanto está quente
E depois ainda tem a banana.
Não sejas imprudente!
Se ele te dá um soco
Vais perder todos os dentes!
Não percas a hora,
Ou então o último ônibus vai embora
E tua família não te espera.
Dormirás na praia deserta,
Com o lombo ardendo!
É isso que estás querendo?
É o que vai acontecer
Se dormires no ponto!
Já chega de tanto beber,
Ou ficarás tonto.
Anda! Levanta e te esperta!
Que o transporte
Daqui a pouco vai sair.
Com um pouco de sorte,
Poderás ir sentado.
Vais ter que partir,
Enxuga a tua cara
E teu corpo molhado,
Naquela toalha.
Pega toda a tua tralha,
O excesso de pressa
É que te atrapalha!
Até mais Morubira!
Até outro dia
Barraca do Bira!
Nem deu para passar na Vila!
Agora é entrar no coletivo,
Pegar a rodovia,
Reza para não haver acidente,
Pois assim chegarás vivo.
Vai com fé,
Espanta qualquer medo.
Amanhã tu já sabes como é que é,
Tens que pegar no batente,
Tens que acordar cedo.
Até outra vez,
Mosqueiro!
Márcio Rodrigues
28/04/2001