Noite passada
Tive um sonho estranho
Sonhei que estava em Paris,
Antes da revolução,
Para enfrentar num duelo mortal
Um conde da alta nobreza,
Da corte francesa,
Que tinha ofendido minha esposa,
Linda e distinta dama.
Peguei o atrevido
Olhando para ela
Por um buraco no muro
De minha morada,
Enquanto ela estava no banho.
Se fosse
Em Belém do Pará
O duelo eu iria marcar
Para a praça Batista Campos
Sob as mangueiras
Numa noite de lua cheia.
Mas como é em Paris,
Pode haver figueiras, macieiras, parreiras e pereiras;
Árvores assim.
No dia marcado
Estava eu todo suado,
Escolhi a espada
Para defender a honra
De minha amada.
Nesse momento é que eu olho
E vejo sozinha
Na janela de uma casa vizinha
Uma moça gentil
Que então avisa:
“Cuidado cavalheiro,
Pois o seu oponente
É exímio espadachim”.
Gentil dama obrigado,
Vou seguir o seu conselho!
É gente!
Agora me deu medo!
Coitado de mim!
É o meu fim!
E o que piorava a situação
Era que o meu padrinho de armas
Sir Priano,
Meio inglês, meio italiano,
Estava atrasado.
Valham-me todos os santos!
Eu ali à beira do rio Sena,
Ao redor uma bela paisagem,
Que cena!
Duelo!
Que coragem a minha!
Olhei para o céu,
Fugir não dava mais.
Aumentou a coragem!
Vá firme!
Vá rapaz!
Lembre daquele filme
Em que o herói encarou o pirata.
Tudo ou nada!
Por você minha amada!
Seja o que Deus quiser!
O que se faz por uma bela mulher!
Quando eu já estava me aproximando,
Pensando na minha provável morte,
Puxa, deveria ter escolhido a pistola?
Deixe de enrolar!
Termine a história!
Pois é, nessa hora
É que o despertador toca
E me acorda.
Que sorte!
Se não foi uma vitória,
Nem derrota,
Foi empate?
Ei, não avisaram o espadachim
Que o sonho acabou?
Licença meu amor
Vou sair daqui
Antes que ele me mate!
Márcio Rodrigues
21/02/2011