Um dia quis estar olhando para a minha vida, mas descobri que era tão simplesmente, triste. Então, resolvi esquecer. Imaginei–me sentada, olhando um lindo lago azul onde os cisnes em perfeita harmonia nadavam ao som do vento e da brisa da primavera.
Neste belo momento, esqueci quem eu era. Esqueci que meu coração doía. Uma dor de quem um dia sentiu a perda da paz interior. Continuei a olhar o lago. Sem medo e sem culpas, só apreciando aquela cena. Eu me sentia feliz até uma lágrima desceu de meus olhos.
Por que pensar na tristeza e naquela profunda dor? Perguntava-me insistentemente: “Onde estás Meu Deus? Onde te encontras?” Sabia que Deus não era culpado por minha situação, mas, nestes momentos, sempre buscas culpar alguém e não assumes a responsabilidade de teus atos e da tua vida.
Como ser feliz? Como buscar a felicidade, se ainda no meu peito as decepções dilaceravam a minha alma. Estava marcada pelo resto da vida. Pensava, assim. Sentei então, bem pertinho do lago e ao tocar na água senti que não só as minhas mãos estavam molhadas, mas senti o toque de Deus.
Ah! Deus! Quanto Te chamei em meus desesperos, na minha angústia pensei que não havias me ouvido! Como fui boba! Agora vejo uma lagarta em minha frente, rastejando, tenta chegar até uma folha. Não uma simples folha, mas a folha. Aquela que ela escolheu como seu objetivo. Quis pegá-la e dar logo para a lagarta. Mas quem sou eu para resolver a vida de uma lagarta? Ela é única e tem um objetivo que é chegar. Quanto tempo levará? O tempo necessário! O tempo dela. Provavelmente, quando chegar a hora de virar borboleta ela terá maturidade, o suficiente para voar.
Então, desejei ser aquela lagarta. Bom, sendo-a acabei por entender que eu também tenho o meu tempo. Não o tempo de quem me cobra ações. Quem critica minhas atitudes, mas o meu tempo de escolhas, de realizações. Agora, me vejo como ela. Caminhando devagar porém, como sonhos a serem realizados. Quero voar também um dia. Mas, para isso preciso preparar as minhas asas da paciência, da resignação, da persistência e da coragem. Quero um grande voo. Aquele que eu direi: ... Uhhh !! Era tudo o que queria!
Fecho os olhos. Respiro fundo e mais uma vez aprecio os cisnes. Agora eles estão diferentes aos meus olhos. Desde que cheguei eram, os mesmos, mas agora vejo-os bem diferentes, silenciosos, belos em sua simplicidade. Não chamam a atenção pela cor, mas pela paz que mobilizam. Envolvem a ponto de se ficar olhando-os, simplesmente. Parece que não sabem que tu existes, porém, no fundo sabem da tua existência. Vivem sem esperar mudar diante de quem os olha. Assim, devemos ser! Nossa beleza interior está guardada e precisa ser revelada, pois somos filhos do Pai e belos aos seus olhos. Ele nos fez. Não busquemos a aprovação do outro para sermos felizes. Sejamos simplesmente!